segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Facto:

as saudades prejudicam gravemente os pulmões. E o fígado, já agora.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Afinal,

o que faz valer a vida?

Sem ofensa.

Há músicas filhas da puta. Só não percebi, ainda, porque insisto em ouvi-las.

Gourmet.

Quando eu digo que não quero salada ou qualquer tipo de legumes quando faço o meu pedido, isso também quer dizer que dispenso a couve-flor e a salsa picada a enfeitar a borda do meu prato.
Poderia, inclusivamente, facultar-vos as dosagens correctas dos ingredientes usados para a confecção de determinada sobremesa que me foi servida, no entanto, isso fica para outro dia.

Quinze anos.

Lembro-me perfeitamente de, nessa tarde quente de Verão, ao ouvir o telefone tocar e levantar o auscultador, ouvi-la dizer do outro lado: "Morreu.". Assim, sem floreados, sem elaborar uma frase para a qual tivesse escolhido as melhores palavras, sem um "Tenho uma notícia terrível para te dar...", só isto, "Morreu.". Estúpida. Sei que repetiu o meu nome três ou quatro vezes mas eu não respondi. Pousei o auscultador vagarosamente e deixei-me ficar sentada no sofá durante, não sei ao certo, dez minutos, uma hora?, olhando a parede amarelada.

Pensando bem, não há uma fórmula aperfeiçoada ao longo dos anos para lidar com esta merda. A morte é certa. É como uma trovoada em que os raios rasgam o céu com fúria e ficamos pasmados a olhar através janela, apreciando aquela coisa magnífica e violenta, mas sem nunca colocarmos a hipótese de um raio nos acertar em cheio na cabeça, de tão remota que é. Também não há forma correcta de se anunciar. Só sabemos que existe. E que há-de acontecer.

Meus senhores, eu "expilico":

Não vos nascerá, no lugar da pilinha, uma vagina, se formularem um pedido de desculpas quando fazem merda.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A não ser que...

- tenha sido atropelado por um camião/ comboio/ autocarro ou qualquer outro veículo com duas ou mais rodas;
- tenha batido com a cabeça e sofra de uma crise de amnésia aguda;
- se tenha atirado do vigésimo andar;
- tenha deixado cair os telemóveis para a sanita e o computador se tenha desfeito misteriosamente contra a parede;
- tenha sido raptado;




Não sei se desculpo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desculpa.

É que isso interessa-me tanto como o Jorge Jesus mascar pastilha elástica de boca aberta durante os jogos.

Actualizando...

Ainda não morri.
A minha vida continua a mesma merda. Bem, mais ou menos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Coisas que me dão comichão.

E aquelas gajas que acordam sempre sem um cabelo fora do sítio e uma maquilhagem impecável?
Eu, por minha vez, se não apertar o cabelo com um elástico, acordo com ar de quem testemenhou um tornado e se me deitar com maquilhagem acordo com as trombas borradas.
Coisas de gaja que é apenas normal.
Ah, aposto que as outras gajas, porque elas nunca fumam nem apanham bebedeiras de caixão à cova, não devem saber o que é acordar com o hálito de um dragão.

Eu "expilico"...

Não é que te tenha raiva ou ódio. Não é, no entanto, que te tenha perdoado. Nem costumo lembrar-me da tua existência. Mas quando isso acontece, nesses raros momentos, gostava que te nascesse uma pila bem no meio da testa. E isso até me faz rir.
Enfim... continuo preocupada com a minha sanidade mental. Ou com a falta dela, por assim dizer.

Oh não! Outra vez, não!

Depois da mãe de Renato Seabra, depois da irmã de Renato Seabra, depois do cunhado de Renato Seabra, depois do pai de Renato Seabra, depois da companheira misteriosa de Renato Seabra, depois do tio de Renato Seabra, ainda ouviremos o periquito de Renato Seabra, o canário de Renato Seabra, o peixinho de Renato Seabra, o hamster de Renato Seabra, dizerem algo sobre o assunto?
Será que sou a única pessoa que já não tem estômago para esta merda?
Isto faz-me lembrar os mirones, os voyeurs que vêem um acidente na estrada e ficam ali, a observar sem fazerem nada, numa espécie de masturbação psicológica, como se verem as vítimas de um acidente, o cheiro a sangue e morte, lhes desse uma tusa do caralho.

Como se não bastasse, o Sr. Carlos Silvino, carinhosamente tratado por Bibi, esse grande querido, amoroso como só ele sabia ser com os meninos, lembrou-se agora de vir dizer que mentiu em todo o processo Casa Pia e, afinal de contas, todos os arguidos (coitadinhos) são inocentes.

Bom, resta saber qual destas duas novelas fará mais capas de revistas, terá mais títulos nas primeiras páginas dos jornais, ocupará mais direito de antena no Jornal das oito.
Isto vai ser do caralho, ai vai, vai.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ora então, foda-se!

Diz que quem escreve muito nos blogues não tem vida própria. Ai é?
Por essa ordem de ideias, devo estar à beira de um suicídio.

Se não escrever nas próximas horas é porque morri.
Ou então fui arranjar uma vida.

Das merdas que eu sei (ou não).

As pessoas, no geral, são muito estúpidas. Ou então, no geral, volto a repetir, têm uma falta de visão que me entristece. Falo daquele género de pessoas que pensam que o namoro é uma fase. Chamem-me de louca, romântica, o que quer que seja, eu acredito que o namoro é um estado. Para elas, esses seres tacanhos, o namoro vem antes do casamento, ou da união de facto, ou dos filhos, ou de qualquer coisa que indique que vivem uma relação estável. Depois disso, o namoro passa a ser algo que aconteceu num dado momento das suas vidas miseráveis.
Deixa de haver espaço para os abraços, para os silêncios confortáveis, para a partilha, para os beijos envergonhados e fugidios numa esplanada cheia de gente, para a mão-na-mão. Deixa de haver espaço para continuar-se a ver no outro aquilo que antes era admirado. Deixa de se querer saber aquilo que o outro pensa, nem que seja a opinião acerca do buraco na camada do ozono. Deixam-se os planos de lado. O "outro" passou a ser um dado adquirido e não são mais necessárias demonstrações de afecto. Deixa de haver vontade de agradar.
Não que eu tenha uma visão utópica da coisa e acredite na ausência de problemas. Os problemas existem sempre. O que se esquece (demasiadas vezes ou quase sempre) é que se houvesse mais disposição e empenhamento em namorar, muitos desses mesmos problemas resolver-se-iam muito mais facilmente e outros nem chegariam a existir.
As  pessoas, no geral, são muito tristes. Pequenas. E o comodismo é uma erva daninha.
Digo eu, que não percebo nada desta merda.

Oh.

Depois de

dois carregadores de telemóvel;
o carregador do computador;
dois pares de pantufas;
umas havaianas;
um casaco;
um número considerável de revistas;
dois telemóveis;

ele comeu mais um casaco.

Oh tão querido. Por este andar, ofereço-lhe uns dentinhos novos.

Era isso ou apanhar um avião.

Sem tirar nem pôr.

Apetece-me chorar.
Beber até à inconsciência.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Só mais uma coisinha.

O número de pensamentos libidinosos por minuto disparou em flecha atingindo um nível nunca antes visto.
Estou preocupada.

Juro.

Ele gritava que era cirurgião, que não podia chegar atrasado, que tinha que estar não sei onde às não sei quantas horas.
Tudo isto enquanto gesticulava com o jornal A Bola na mão direita.

Sem título.

Teriam pouco tempo, menos de vinte e quatro horas. Vinte e uma horas e quarenta e cinco minutos, mais precisamente. Nas duas primeiras horas, conversaram sentados num café, enquanto bebiam, ele gin tónico, ela martini. Ela falava imenso, ele sorria em silêncio. Por vezes, soltava uma gargalhada sonora. Ela continuava a falar até que se calava de súbito e, enquanto lhe fixava o rosto, pedia-lhe que falasse, que dissesse alguma coisa. Ele sorria novamente e permanecia mudo, ela suspirava e baixava o olhar para o copo meio vazio. Pedia-lho bastantes vezes, que falasse. Não que o seu silêncio lhe doesse ou a assustasse, apenas gostava de o ouvir. Algo mudava a uma certa altura porque ele quebrava, sem aviso, aquele momento ausente de palavras. Contava-lhe das ruas de uma cidade que ela mal conhecera, da vida que pulsava em cada metro quadrado daquele espaço físico onde ele vivia. Contava-lhe do céu, aquele céu de um azul impossível, o mesmo céu que ela imaginava de olhos abertos. Contava-lhe estas e outras coisas com paixão. E ela sentia-se apaixonar mais a cada minuto.

Já em casa, enquanto jantavam e bebiam vinho, conversaram de coisas mais sérias. Quase discutiram. Beberam o resto do vinho enquanto fumavam, sem saberem ao certo que (mais) dizer. Deitaram-se em silêncio. Foderam em silêncio. Adormeceram em silêncio, rendidos ao sono e ao álcool.
Ela acordou com as mãos dele nas suas coxas. Sentia-lhe a respiração no pescoço. Abriu os olhos. Era dia. Teriam passado umas cinco horas, não mais que seis. O sol não chegava a entrar no quarto. Morria na portada de madeira branca entreaberta, deixando o quarto iluminado por uma claridade tímida e suave.
Foderam novamente. Passaram assim o resto da manhã. Comiam-se, fumavam, ele bebia cerveja, nas primeiras horas do dia ela preferia café e sumo de laranja, fumavam novamente, olhavam-se, ele segurava-lhe o rosto entre as mãos e beijava-a demoradamente, faziam planos, fumavam (mais) um cigarro, falavam do que havia de ser, fodiam, ora de uma forma delicada, ora com o desespero de dois condenados, e descansavam abraçados.
Nessa manhã, ela sentiu por ele um desejo crescente. Não que não o desejasse antes mas, nessa manhã, o desejo tinha-lhe florescido na carne com certa violência. Não que o desejo fosse apenas no plano físico. Como ela constataria horas depois, já sozinha na sua casa, a necessidade que sentia da sua carne era, na realidade, uma forma (julgava ela) de matar a fome que tinha dele.  

Nos restantes minutos, quando a tristeza da despedida parecia cobrir o quarto de sombras, ela vestiu a roupa da véspera. Sairam apressadamente. Despediram-se sem dizerem adeus.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Finalmente.

Cerca de doze horas para o avião aterrar.
E são tantas as saudades para matar.
E todo o tempo do mundo é pouco.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vamos lá a ver, eu não sou desorganizada,

tenho é um sentido de organização um pouco diferente. Acontece-me algumas vezes escrever coisas importantes em folhas soltas ou post-it's amarelos (pronto, o uso dos envelopes onde vêm as facturas também é uma prática recorrente).
A grande problemática que se põe aqui é que guardo tudo tão bem, mas tão bem, que quando preciso deles não os encontro.

Era bom demais para ser verdade.

- Prometo que não te chateio mais.
- Ainda bem. Estou farta de ti.

Ele manteve a promessa durante uns quinze minutos.
Isto está a evoluir. Oh lá se está.

Eh pá, como queiras.

Enquanto eu bebericava o meu café, ela dizia que o seu casamento de mais de dez anos é bom, que tem uma relação óptima com o marido. O mais estranho é que, depois de ouvir isto, numa questão de segundos, lembrei-me de imensas razões que sustentam o facto inequívoco de a relação dela ser uma valente merda.
Encolhi os ombros. Suspirei. Revirei os olhos. Mostrei enfado.

Que se foda. Ela que permaneça na ilusão.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Português não é o meu forte.

(...), ao que eu respondo:

1 - sou casada.
(não funcionou)
2 - tenho namorado.
(não funcionou)
3 - sou casada e mãe de filhos.
(não funcionou)
4 - tenho namorado.
(não funcionou)
5 - quero casar-me de branco e ter uma dezena de filhos.
(não funcionou)
6 - tenho namorado.
(não funcionou)
7 - tenho namorado. pela quarta vez, tenho namorado.
(não funcionou)

Já não sei o que lhe dizer. Resta-me dar-lhe um tiro nos cornos.
Ou esperar que ele se atire para a linha do comboio.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tem sempre presente em ti o preciso momento em que me conheceste.
Há-de nascer um dia qualquer, daqui a muito tempo, talvez, em que quererei que me contes.

Como foi?

Da vida. Ou da morte. Em vida.

Falho todos os números. Esqueço todas as probabilidades.
Durmo durante dias. Há-os em que não consigo dormir.
Sinto-me morrer aos poucos. Choro-me. Choro-os todos.
Desfaço rostos no imenso céu do pensamento. Esqueço. Mato-os dentro de mim.
Nasço-me outra.
Enterro-te no banco de jardim onde nos vimos nascer.
(...) chegas.
e abafas o som dos meus passos na calçada.
Torturo as palavras. Torturo-me no silêncio dos que se confundem no quadro das ruas sem nome.
Falho.
Esqueço. Esqueço-me. Morro-me.
E nasço, uma vez mais, outra.



Não necessariamente por esta ordem.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

É incrível que me tenhas parido e, ainda assim, consigas conhecer-me tão pouco.


A minha mãe pariu uma estranha.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quando sinto o olhar deles pousado em nós mais tempo do que o normal, provavelmente demonstração de grande interesse ou mera curiosidade, só me ocorre perguntar-lhes se conseguirão imaginar sequer o que nos aconteceu.


Depois parece-me que diminuem de tamanho. Até que desaparecem.

domingo, 2 de janeiro de 2011