domingo, 4 de setembro de 2011

Ainda não percebi muito bem que filha da putice foi essa de me deixares.
Sabes que nunca gostei de estar sozinha. Quer dizer, não me importo de estar sozinha quando é isso que almejo e isso só acontece perante determinadas circunstâncias.  
Mas foda-se, tinhas mesmo que ir no preciso momento em que estava a meio do pesadelo? Não gosto disso. Sabes perfeitamente que não gosto de acordar a meio de um pesadelo e descer as escadas do quarto para a sala, temerosa e suada.
Tampouco gosto, quando me lembro do pesadelo, de não ter ninguém com quem o partilhar enquanto fumo cigarros nervosos. O problema de não o contar no preciso momento em que acordo é que é difícil acalmar-me sozinha e, em regressando à cama, demora um certo e penoso tempo  a encontrar-me novamente com o sono e fico às voltas em cima do colchão, ora me viro para o lado esquerdo, ora me viro para o lado direito, ora me deito de barriga para baixo e enterro a cara na almofada azul, ora me viro de barriga para cima e cerro os olhos com tanta força até que estes comecem doer e o preto passe a ser uma vastidão de pontinhos brancos em fundo negro. Depois ligo a televisão para imaginar que tenho companhia, porém rapidamente desisto. Tiro-lhe o som e mantenho-a ligada porque tenho medo do quarto escuro e de pensar que pode entrar-me sabe-se lá o quê pela porta sem que me aperceba.
Então viro as costas à entrada do quarto e deixo-me ficar encolhida e quietinha, fico a ouvir o som da minha própria respiração e encolho-me mais ainda, enquanto puxo mais o edredão por forma a tapar as orelhas.

Bem sei que sabes que nunca gostei de estar sozinha.
Principalmente em noites como esta.

4 comentários:

Jack Merridew disse...

É...

Anónimo disse...

É complicado, muito complicado! Mas o tempo td cura...:)

Dança dos Dias disse...

Jack,

é!

Dança dos Dias disse...

Carlos Neto Sousa,

achei por bem vir aqui esclarecer "um ponto": nem tudo o que escrevo é totalmente real e nem tudo o que é totalmente real acontece no tempo presente. =)