Ainda não percebi muito bem que filha da putice foi essa de me deixares.
Sabes que nunca gostei de estar sozinha. Quer dizer, não me importo de estar sozinha quando é isso que almejo e isso só acontece perante determinadas circunstâncias.
Mas foda-se, tinhas mesmo que ir no preciso momento em que estava a meio do pesadelo? Não gosto disso. Sabes perfeitamente que não gosto de acordar a meio de um pesadelo e descer as escadas do quarto para a sala, temerosa e suada.
Tampouco gosto, quando me lembro do pesadelo, de não ter ninguém com quem o partilhar enquanto fumo cigarros nervosos. O problema de não o contar no preciso momento em que acordo é que é difícil acalmar-me sozinha e, em regressando à cama, demora um certo e penoso tempo a encontrar-me novamente com o sono e fico às voltas em cima do colchão, ora me viro para o lado esquerdo, ora me viro para o lado direito, ora me deito de barriga para baixo e enterro a cara na almofada azul, ora me viro de barriga para cima e cerro os olhos com tanta força até que estes comecem doer e o preto passe a ser uma vastidão de pontinhos brancos em fundo negro. Depois ligo a televisão para imaginar que tenho companhia, porém rapidamente desisto. Tiro-lhe o som e mantenho-a ligada porque tenho medo do quarto escuro e de pensar que pode entrar-me sabe-se lá o quê pela porta sem que me aperceba.
Então viro as costas à entrada do quarto e deixo-me ficar encolhida e quietinha, fico a ouvir o som da minha própria respiração e encolho-me mais ainda, enquanto puxo mais o edredão por forma a tapar as orelhas.
Bem sei que sabes que nunca gostei de estar sozinha.
Principalmente em noites como esta.
4 comentários:
É...
É complicado, muito complicado! Mas o tempo td cura...:)
Jack,
é!
Carlos Neto Sousa,
achei por bem vir aqui esclarecer "um ponto": nem tudo o que escrevo é totalmente real e nem tudo o que é totalmente real acontece no tempo presente. =)
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