O meu carro sempre se queixou do excesso de peso dele; eu sabia que parte dos seus amuos se deviam ao facto de não lhe contar coisas da minha vida que preferia guardar para mim; ele queixava-se de tudo e mais não sei quê, suspirava, eu ria e revirava os olhos, és tão dramático, pá, não sei como é que ainda não te suicidaste, e fazia-lhe ver que, por a mais b, não tinha grandes razões de queixa; ele chamava-me insensível e eu fingia-me extremamente ofendida.
Passadas quase três décadas, mandou-me uma mensagem na qual escreveu que seria melhor afastar-se de mim.
Foda-se. Éramos tão amigos, eu e ele.
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