domingo, 14 de novembro de 2010

Mostra-me o par de cornos que tens e eu dir-te-ei com quem casaste.

Se os tivesses visto como eu vi, tinhas achado piada. Ele era sorrisinhos, ele era mãos nos ombros e mãos nas mãos. Ela tem muitos mais cabelos brancos do que na última vez que a vi, há uns anos. Tirando isso, continua na mesma, o fato saia-casaco de bom corte, os sapatos irrepreensíveis, a simplicidade da maquilhagem, e ele, sempre com o bronzeado de quem acabou de chegar da praia, os óculos de sol, a camisola de caxemira. Se há uns anos atrás teria tido um misto de compaixão e pena por ela, hoje em dia, apetece-me rir da mentira em que ela vive e faz questão de alimentar, as traições que tolera, as infidelidades que esconde do mundo e das quais finge não ter conhecimento. Aquilo é mais ou menos como a fachada lindíssima de alguns prédios antigos. A fachada não deixa de ser lindíssima, mas o interior é podre. É exactamente essa razão porque não passará disso mesmo. Fachada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Conheço alguns assim. Os outros já se separaram.

Dança dos Dias disse...

Creio que só conheço estes... e creio que nunca se separarão. O Homem é um animal de hábitos.