segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Acordo com a televisão ligada e sem som.
Desço as escadas descalça e a custo, agarrada ao corrimão de madeira.
Por breves instantes, passa-me pela cabeça a ideia de que devo ter acordado de um coma profundo, que alguém se deve ter lembrado de organizar uma festa na minha própria casa sem sequer me ter convidado.
A sala é um campo de batalha abandonado.
No chão, algumas folhas de papel embrulhadas, outras, intactas, com gatafunhos praticamente ilegíveis. Maços de cigarros vazios. Apetece-me fumar. Por fim, encontro um com cigarros. Acendo um, e sento-me no pouco espaço que encontro livre no sofá, por entre almofadas, cartas de contas por pagar, um dicionário, uma caixa de Nestum de chocolate, uns jeans, uma camisa e dois ou três isqueiros sem gás.
Olho para o caos que me rodeia. Puta que pariu nesta merda, mas que raio se passou aqui?
Um livro aberto com algumas frases sublinhadas a lápis, dois ou três cedês no chão. Um copo vazio, outro meio, duas garrafas de vinho, duas chávenas sem café. Dois cinzeiros, um em cima da mesa onde apoiei os pés, outro no chão, a abarrotar de beatas.
Foda-se. 
Acabo o cigarro. Volto para a cama.
Pode ser que no fim de algumas horas de sono, me apeteça.

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