quarta-feira, 1 de junho de 2011

Agora muito a sério...

É uma verdade, as crianças sempre foram cruéis entre si. Na turma, sempre existiu o gordo, a caixa de óculos, o porta-chaves e todas as alcunhas mais ou menos depreciativas que a imaginação deles conseguisse alcançar.  Da minha parte, como era franzina e pequena, coube-me ser, uma ou outra vez,  a mascote ou o porta-chaves, coisa que nem me aborrecia sobremaneira.  Esporadicamente, aquando de algum desentendimento mais grave, lá surgia uma ou outra cena de pancadaria, mas nada que exigisse grandes cuidados ou merecesse particular atenção da parte dos pais e/ou professores. Isto porquê? Porque, há uns anos atrás, havia regras. Havia disciplina. Havia, acima de tudo, respeito. As crianças, apesar de todas as birras próprias da idade, sabiam que havia um limite. Sabiam que para cada acção haveria uma consequência.
Não é isso que se tem passado nos anos que correm.  Por mais que custe admitir, a culpa é dos próprios pais. Acalentam birras, não sabem que dizer "Não." é muito mais importante que dizer "Sim." e cedem às chantagens emocionais dos pequenos. Porque eles sabem perfeitamente como chantagear. Sabem que fazendo uma cena de guinchos e choro em que há tanta baba e ranho que mais parece que o mundo vai acabar,  há probabilidade de haver uma cedência por parte dos pais. E basta ceder uma vez para que cenas deste tipo se tornem recorrentes. Não é invulgar ver miúdos a chorar e espernear no chão de um hipermercado, porque querem este ou aquele brinquedo, Quero, quero, queeeeero!, e cabe aos pais, enquanto educadores, ter discernimento e bom-senso. Uns cedem. Outros não.
Estes pequenos "birras", os que nunca ouvem um "Não.", porque para os pais é mais fácil ceder do que aguentar cenas de guinchos, transformam-se em monstrinhos. Sâo estes que, numa fase um pouco mais avançada, agridem e desrespeitam colegas e professores.
Dar uma palmadinha num "birra"? Quê? Então e depois o piqueno, tadinho, ia crescer traumatizado para o resto da vidinha? Ai não, não pode ser!
Alguns pais têm a mania que são bué amigos dos filhos. Esquecem-se duma merda essencial: os pais devem ser amigos dos filhos, sim senhor, mas, antes disso, são pais. O seu dever é educá-los e formá-los. Impôr regras. Estabelecer limites. Dizer "Não." quando preciso for.  Ensinar-lhes o que é o respeito pelo próximo. Ensinar-lhes que a sua liberdade acaba onde a liberdade do outro começa.
Ainda não sou mãe. Não sei se, vindo a sê-lo, exercerei bem o meu papel. Uma coisa sei, se não for uma boa mãe, não será por estes motivos.

1 comentário:

L'Enfant Terrible disse...

A SIC em tempos lançou um debate público, se os pais podiam bater nos filhos. Não era deviam, era mesmo podiam e vieram logo os "ologos", constitucionalistas e mais não sei quem, todos a dizer que não e que sime e muitos deles nem filhos tinham, só uns estudezecos e possivelmente muita broca fumada! Conclusões não me lembro se houve, mas possivelmente deu para baralhar quem devia aprender a ser pai ou mãe por si, cuja geração foi ensinada a acreditar mais na TV do que a pensar por si mesma. Creio que isto foi há 15 anos atrás, resultado? Acho que está à vista!