terça-feira, 30 de novembro de 2010
É um martini rosso, duas pedras de gelo, sem limão e uma caixinha de Xanax, 0,5 miligramas, faz favor.
Apesar de acordar a horas tão indecentes, que chegam a roçar o pornográfico, tenho andado com um humor daqueles bons, aquele que costuma acompanhar-me quando ninguém decide deixar-me de telha. Hoje podia ter sido um desses dias. Tinha acordado bem disposta. Mal chego ao trabalho, sabendo de antemão que hoje seria um daqueles dias de loucos, organizei tudo de forma a que as coisas corressem bem. Mas a verdade é que às vezes falha algo. E se estivesse rodeada de pessoas mais atentas e com mais brio no trabalho que fazem, se estivesse rodeada daquele tipo de pessoas que têm capacidade de raciocínio e me permitem falhar, que afinal de contas sou humana e também falho, se estivesse rodeada desse tipo de pessoas, poderia dar-me ao luxo de não ter que estar sempre em cima de todos os acontecimentos só para ver se a coisa não dá merda. Não é que tenha dado, mas poderia ter dado. O que aconteceu é que hoje quase tive um acesso de fúria, que também os tenho, eu que sou humana como já tinha referido, e a minha vontande era mandar uns quantos para a zona dos traumatismos cranianos. Basicamente, quando queremos as coisas bem feitas, é melhor sermos nós a fazê-las. Só queria uns dias, uma semana chegava, longe, bem longe. Com massagens, comida na mesa e muito e bom vinho. Nem peço muito. Humpf... Já fiz as queixas todas, era só isto.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
E agora que toda a gente já deu o seu parecer sobre o tema, posso, finalmente, pronunciar-me sobre o decote da Rita?
De salutar o facto, fazendo uso de uma enorme subtileza linguística, de ter escrito "o decote da Rita", ao invés de "as mamas da Rita", o que não deixa de ser a mesma coisa. Pelos vistos, ainda há quem pense que "less is more" é aplicável a todas e mais algumas circunstâncias mas, em questões de guarda-roupa, eu sou daquelas que acredita que sensualidade não é a mesma coisa que vulgaridade. É que, vai-se a ver, há uma linha muito ténue a separar as duas coisas e, às páginas tantas, uma pessoa pensa que vai muito bonita, e sensual, e feminina e essas coisas todas e mais algumas e o resultado é, nada mais nada menos, que uma catástrofe, daquelas tão grandes que dá vontade de tapar os olhos. A esta hora, deve o caríssimo leitor estar a pensar para os seus botões (de salientar que se estiver a usar um decote semelhante ao da Rita não serão precisos botões), "tu deves é ser uma grande frustrada, tens é uma dor de corno enorme porque não tens um par de mamas como a Rita". Para que não tenhais quaisquer dúvidas, eu esclareço: não tenho cornos, como tal, seria difícil ter dores em algum local que não seja o prolongamento do meu corpo de bailarina, e não, não tenho um par de mamas como as da Rita, sou bem resolvida com aquilo que tenho e até prefiro as minhas, como tal, frustrações dessas, não tenho. Em todo o caso, não tenho pudor em afirmar que gosto de ver uma mulher bonita. Gosto mesmo. A Rita até é uma miúda com piada, bonita, jeitosa, mas vê-la vestida (perdão, despida) daquela forma deixou-me desgostosa, que querem que vos diga? Sensual seria as costas totalmente a nú. Nunca, em caso algum, as mamas ao léu. Como se não bastasse, aquele excesso de excitação da Rita e da Alexandra, fez-me lembrar aquelas meninas (das que ainda não sabem o verbo être) mas já têm conta no Facebook) quando vêem que o pedido de amizade feito a um colega de turma (daqueles meninos que só têm uma leve penugem na cara mas, ainda assim, já usam a lâmina do pai), que nunca olhou para elas mais que um minuto, foi aceite. Lá no Facebook ou lá como chamam a essa merda que até já teve direito a um filme. Queridas Alexandra e Ritinha, um segredo: nunca parecer demasiado deslumbrada. Nem desesperada. O ideal seria falar pouco e bem, sorrir muito e agradecer, do género "já recebi tantos prémios, alguns mais honrosos que este, que não dou muita importância a isto, mas obrigada.". A única que me pareceu bem foi a Margarida. Elegante, sem grandes exageros, contida nas palavras. Sóbria. Uma senhora. Aquilo que, contudo, ficou por se saber foi se a Rita faz depilação total, à brasileira, se é tudo au naturel, ou nenhuma destas. De qualquer forma, parabéns. Com umas mamas dessas, vais longe. Pronto, tenho que terminar por aqui. Tenho dois dos meus neurónios a entrar em falência devido ao frio. (Nada de piadas maldosas e fáceis do estilo "dois neurónios? quais? só tens esses...". Poupem-me!
domingo, 28 de novembro de 2010
Sinto-me como aquelas mães a quem a cria pede pela primeira vez para fazer pipi num sítio qualquer, que não as cuecas ou a fralda. Hoje, ele teve a gentileza de me demonstrar, através de ganidos junto à porta de entrada (ou saída, dependendo das situações), a sua manifesta vontade de fazer o seu pipi e afins. Ora eu não podia ficar indiferente a esta vontade do animal e pedi-lhe para esperar um pouco, o suficiente para calçar as botas, enrolar um cachecol em redor do pescoço, vestir o sobretudo e enfiar na cabeça um gorro, por forma a tapar as orelhas. Já na rua, visivelmente emocionada, sinto os olhos rasos de lágrimas. Pensei que fossem da alegria desmesurada que tinha tomado conta de mim. Não. Era só a merda do frio. Oh, there's no place like home...
Foda-se, podíamos ter sido tão bons amigos. E agora com quem falo de aquários?
Pensei eu, algures entre as calças já engomadas e a camisa "tatuada" com a base do ferro.
sábado, 27 de novembro de 2010
Agora aguenta coração, que o Roberto Carlos sabe bem do que canta.
Ocorreu-me a ideia, assim durante uma fracção de segundos, de fazer uma longa dissertação acerca do meu estado de espírito que neste momento deve estar algures entre o sombrio e o sei lá que é isto, porque o meu problema sempre foi o pânico que tenho a tesouras - que também o tenho a agulhas, é certo, mas isso já são contas de outro rosário -, o modo como a tesoura exerce em mim qualquer coisa que nem sei bem explicar o que é, porque sim, a tesoura pode ser um instrumento perigoso nas mãos erradas, e a única coisa em que consigo pensar é nas minhas longas melenas, na tesoura nas mãos do meu cabeleireiro que visito o menos que posso e na inevitabilidade que é o de isso ter que acontecer brevemente, e dói-me o coração quando imagino pedaços de cabelo a caírem no chão e saber que vou dizer "corta o menos que possível", o cabelo continuar a cair no chão, não como um floco de neve, gracioso, mas como uma pancada seca que sinto dentro do peito, e ele a dizer que "não estou a cortar quase nada" e eu sem saber se hei-de chorar, ai a minha vida, se hei-de esganá-lo ou fazer-me valer de requintes de malvadez e torturá-lo só para ele saber que isto é um tormento, porém o que tem que ser tem muita força e volto a referir a inevitabilidade de certas coisas como esta e já que tem que ser que seja por bem, entrego-lhe a cabeça numa bandeja e, até lá, vou pensando qual o resultado que pretendo, se a cor se mantém, se mudo de cor, já não há nenhuma que me atraia, desde o louro platinado ao preto, já experimentei de tudo e então não sei se será boa ideia continuar a pensar no assunto. Dizia eu umas palavras atrás que podia fazer uma longa dissertação acerca do meu estado de espírito que neste momento deve estar algures entre o sombrio e o sei lá o que é isto. Mas não faço.
Mau presságio.
A nova estagiária tem cara de quem usa roupa interior com bonecada. Pior que isso, é imaginar que deve ser qualquer coisa entre Hello Kitty e Abelha Maia. Estou bem fodida.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Breve actualização do estado do dia.
Normalmente, quando os dias começam assim, tipo merde, há uma certa tendência a que assim continuem, tipo merde. Isto se, não vierem a tornar-se noutra coisa, tipo grande merde. Tipo, 'tão a ver ao que me refiro? Pronto, ainda bem. É tip'isso.
Dos dias que começam tipo merde.
Ouvir o despertador tocar às três e dez da manhã, desligá-lo, virar-me para o lado, adormecer novamente, acordar passados mais de quinze minutos, perceber que dormi tempo a mais, levantar-me à pressa, arranjar-me o mais rápido que consigo, chegar dez minutos atrasada ao trabalho, é coisa para me deixar rabugenta por umas horas.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
These games. Those games.
Eu sempre gostei de jogar e até jogo bem, eu que aprendi a conhecer o meu adversário nos mais ínfimos pormenores e a saber de antemão o jogo que ele tinha em mãos. Bom, às vezes, contra todas as probabilidades, posso enganar-me. Normalmente aposto tudo. Nunca fui de meias vitórias, de meias derrotas. O que estimula é o salto no desconhecido, aquele breve momento em que ainda não sei o resultado Não fui a jogo contigo porque já sabia previamente qual o teu jogo. E acredita, se tivesse jogado, terias perdido. Ainda mais.
Talvez as coisas não sejam bem assim...
já te tinha dito que, num ambiente propício ao engate, ficava satisfeita quando conseguia manter uma conversa com alguém que, ao invés de olhar para o meu decote, me olhava nos olhos? A camisola de gola alta pode ter dado uma ajuda...
Estou extremamente apoquentada...
Fui jantar com o meu amigo Filipe. O jantar correu bem, ele fez-me rir, aliás, perto dele é impossível não rir, dada a graça natural daquela criatura invulgar. A única coisa que me deixou algo pensativa foi que ele trazia vestido um casaco de lã que me fazia lembrar o Cláudio Ramos. Posto isto não sei se deva ficar preocupada com ele, comigo, ou se esqueço o assunto.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Ainda não sei o que lhe vou fazer.
Acordei de bom humor apesar do cabelo em desalinho. Vi que ele deve ter passado parte da noite a divertir-se com o carregador do telemóvel. Superou-se. Só depois reparei que o carregador do computador também tinha sido digno da sua atenção. Ainda não sei se lhe parto os dentes, se lhe dou o resto dos fios para ele roer.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
(des)engano.
Tempos houve em que pensei a minha escrita como um desabafo.
Apercebo-me agora... Escrevo por sentir-me demasiado cansada para falar.
Apercebo-me agora... Escrevo por sentir-me demasiado cansada para falar.
Das coisas que eu sei.
Posso ter esquecido metade do alfabeto grego, posso não me lembrar de quatro das cinco declinações do latim, mas de uma coisa eu tenho a certeza. Os homens não são complicados. O mito de que os homens são tão complicados que deviam vir com um manual de instruções aquando da sua nascença foi um mito criado por mulheres mal-amadas. Uma desculpa para não verem o óbvio e assim explicarem aquilo que, pura e simplesmente, não querem admitir.
domingo, 14 de novembro de 2010
Estupidez de duas patas.
Quando fui passear o cão, entre os raios de sol tímidos que iam despontando o céu e um ou outro chuvisco que caía teimosamente, avistei-a ao longe. Foda-se, 'tou lixada, logo havia de encontrar esta chata, pensei eu. Ela trazia pela trela uma amostra daquela raça de cães (aqueles que ai são tão fofinhos e pequeninos) que cabem na mala de algumas mulheres. Pronto, não tenho nada contra os pobres animais, embora os ache ligeiramente irritantes. E ela falou, falou e, de tudo o que disse, aquilo que me ficou retido na memória, que nem é muita, é que o cão dela tem três meses e não faz um único xixi em casa. O teu faz?, pergunta ela. Faz, respondo eu. Ah, mas estes cães são espertos, continuou ela, referindo-se à sua miniatura. Aquele mas fez-me acreditar que ela possivelmente estaria a querer dizer que o meu leão de dois meses era estúpido. Bom, rematei eu, o meu faz e faz muito. Na verdade, o meu cão de estúpido não tem nada, o que ele tem é uma coisa chamada personalidade. Faz xixi onde lhe apetece, desde o chão do quartinho dele, passando pelo chão da sala, do meu quarto ou da cozinha. Tudo depende da vontade do momento e da disposição, claro está.
Ela foi-se embora mas desconfio que, a próxima vez que a vir com a miniatura atrelada, me vai dizer que ele já começou a ter aulas de piano...
Das lições de vida.
Creio que um dia te contei, no meio de um sorriso, que já tinha afastado muita gente da minha vida, amigos, namorados, conhecidos ou futuro-alguma-coisa, por causa de mentiras. Não sei porque carga d'água foste tu pensar que contigo poderia ter sido diferente. Há coisas que não perdoo. Há coisas que nunca perderei. O respeito por mim mesma é uma delas.
Mostra-me o par de cornos que tens e eu dir-te-ei com quem casaste.
Se os tivesses visto como eu vi, tinhas achado piada. Ele era sorrisinhos, ele era mãos nos ombros e mãos nas mãos. Ela tem muitos mais cabelos brancos do que na última vez que a vi, há uns anos. Tirando isso, continua na mesma, o fato saia-casaco de bom corte, os sapatos irrepreensíveis, a simplicidade da maquilhagem, e ele, sempre com o bronzeado de quem acabou de chegar da praia, os óculos de sol, a camisola de caxemira. Se há uns anos atrás teria tido um misto de compaixão e pena por ela, hoje em dia, apetece-me rir da mentira em que ela vive e faz questão de alimentar, as traições que tolera, as infidelidades que esconde do mundo e das quais finge não ter conhecimento. Aquilo é mais ou menos como a fachada lindíssima de alguns prédios antigos. A fachada não deixa de ser lindíssima, mas o interior é podre. É exactamente essa razão porque não passará disso mesmo. Fachada.
Quando fugir é o melhor remédio.
Estava eu em pleno ritual de conhecimento mútuo com um jovem, quando sai da boca daquela criatura charmosa, culta, de uma beleza estonteante, prontos. Assim, a meio da conversa, disse prontos.
É aborrecido que um simples pormenor me faça repensar tudo e ter vontade de fugir de imediato.
É por isso que eu defendo as refeições em silêncio.
Eu sabia que ela já sabia mas nunca tinha tocado no assunto. Creio que esperava que fosse eu a contar-lhe. Algures entre a sopa e o primeiro prato, deixei cair a novidade na mesa. Ela não disse nada. Vislumbrei-lhe no rosto aquilo que pareciam ser lágrimas. Continuou em silêncio. Acabei de jantar. Vim para casa. Nunca soube muito bem lidar com o choro dos outros.
Eu estou bem, mãe, obrigada por perguntares.
Agora me lembro...
a razão pela qual alguns homens se sentiram atraídos por mim, foi a mesma pela qual eu acabei por afastá-los da minha vida.
Do meu desejo.
Chega-te mais perto de mim que te quero contar um segredo... Dei por mim a desejar que alguém me enlaçasse firmemente pela cintura. O mais estranho, não digas nada, ouve só, o mais estranho é que a única pessoa em que pensei nesse exacto momento foi no estranho que vi no outro dia...
sábado, 13 de novembro de 2010
Coisas que assustam.
Sabes, há muito tempo que ninguém me olhava da forma que ele me olhou. Ou sou eu que não tenho prestado atenção ao que me rodeia, eu sei que é isso. Não sei se gostei. Os olhos fugiram-me para o chão. É difícil encarar novamente o mundo sem sentir algum receio.
Só sei que há muito tempo ninguém me olhava da forma que ele me olhou. E eu senti-me despida. Vulnerável.
Gostava de te dizer isto.
Os últimos Domingos não têm sido bons. Nada bons. O pai costuma telefonar para ir almoçar com ele. Conversa de circunstância. Uma hora e meia, não costuma demorar mais que isso. No último telefonema disse que também podia levar a mãe comigo e eu pensei que ele devia ter enlouquecido. Lidar com um de cada vez é complicado, imagina com os dois ao mesmo tempo... A mãe convida-me para jantar. Nada de assuntos muito pessoais porque, regra geral, se falar de coisas minhas, o jantar acaba em discussão. E é assim. Almoço com um, jantar com outro. E a única coisa que eu queria era passar o dia sozinha.
Nunca te aconteceu?
Quereres estar num sítio tão longínquo que não conheças ninguém e ninguém te conheça? A mim acontece.
Não interessa...
... como cheguei aqui.
Quanto tempo permanecerei.
Para onde irei depois.
Nada do que escreva poderá prender-me.
Quanto tempo permanecerei.
Para onde irei depois.
Nada do que escreva poderá prender-me.
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